Em seu primeiro dia de vida, a troca bilionária da dívida pública que o govemo de Fernando de la Rúa realizou foi comemorada timidamente pelos mercados. Uma mostra disso é que o risco de país medido pelo índice Embi+, elaborado pelo J. P. Morgan, ficou acima dos 900 pontos-base, e os novos bônus globais tiveram rendimentos díspares.
As boas notícias vieram do lado dos títulos Brady argentinos. Ontem, fecharam com alta de 2,5%, enquanto o FRB referencias subiu 2,37%.
"A troca é uma operação finanecira que nos traz alívio no que se refere à pressáo de pagarnentos nos anos futuros", deciarou o vice-ministro da economia, Daniel Marx.
Na operação, o govemo conseguiu trocar US$ 99,477 bilhões quando originalmente o mercado esperava um "swap" ao redor de US$ 20 bilhões. Emitiu cinco novos papéis e resgatou 58.
A Argentina conseguiu adiar para depois de 2005 pagamentos de US$ 16,039 bilhões", anunciou um comunicado do Ministério da Economia.
Mas, nem todos os analistas concordaram em que a troca é um grande alívio para o govemo argentino. "Reduzir o peso da dívida e isso já é importante", afirmou Rafael Ber Argentine Research.
Para José Luis Espert, da empresa de consultoria financiera Espert & Asociados, a troca não soluciona os problemas reais da econotnia argentina. "Com a troca, este ano a Argentina economiza US$ 3,2 bilhões e pagará US$ 10 bilhões. O problema está centrado no ano que vem, porque apesar da troca, o país terá de pagar US$ 25,1 bilhões".
Na mesma diregáo o economista para mercados emergentes do Amro, Arturo Porzecanski, declarou que apesar da trocá ainda haverá muita dívida a financiar. "As amortizações dos proximos anos são muito grandes", afirmou o analísta. A taxa de 15% ao ano, em média, que o governo devo oferecer nos novos títulos foi interpretada corno um, sinal de que persiste a desconfiançãs dos investidores sobre a capacidade de pagamento do país.
"O tema fundamental é que a troca em si não torna a indústria argentina mais competitiva e, portanto, não cria as bases para que o país comece a crescer", afirmou uma fonte de um banco de investimento americano.
Agora a aposta do ministro da economia Domingo Cavallo é fazer crescer a economia do país. Mas para os analistas se o risco não diminuir consideravelmente, as metas de expansão não poderão se concretizadas.
Com o consumo interno debilitado, a ausencia de investimentos no setor privado e as elevadas taxas de juros locais, as empresas argentinas apenas sobrevivem à crise da economia local que se encontra em recesão há três anos.
A pesada divida pública consolidada da Argentina (do govemo nacional, provincias e municípios), calculada em US$ 161 bilhões ou 57% do PIB para fins deste ano, é outra preocupação para os analistas internacionais.
Nesse contexto, o risco de país local ficou em 950 pontos e o novo- bônus global de 2008 em dólares caiu 2%. Por sua vez, o Merval, índice que avalia o comportamento das ações da primeira linha da Bolsa de Comércio de Buenos Aires, subiu 1,82%.
A agência Moody´s Investors Service confirmou ontem a elassificação da dívida em moeda estrangeira, B2 e para os depósitos bancarios em moeda estrangeira, B3. A perspectiva para elassificação de ambas é negativa. Os títulos emitidos pela República Argentina em peso também tiveram a elassificação B2 confirmada pela agência.
Segundo a Moody’s, a elassifição B2 reflete a presenga de condições econômicas e financeiras na Argentina para validar uma megatroca dos títulos da dívida, como a realizada no fim de semana. A oporação que talizou US$ 29,48 bilhões em bônus de longo prazo, surpreendeu o mercado e motivou a Moody’s a optar pela conformação das notas. A agência óbservou que a troca de títulos deve representar urn alívio temporário para o setor financeiro porém o risco de crédito continua alto. A confumação da perspectiva negativa foi atribuída a dificuldade que o país enfrenta em restabelecer o crescimento, informa o texto da agência.