O economista José Luis Espert, dono da consutoria Espert e Associados e um dos mais conhecidos analistas econômicos argentinos, diz que Eduardo Dubalde erra ao responsabilizar Washington e o Fundo Monetário Internacional (FMI) pela derrocada da Argentina.
Veja -O que houve, afinal? A Argentina não era aluna exemplar do FMI, que abriu a economia, privatizou e conteve o gasto público?
Espert -Sempre achamos que os sucessos decorrem de nossa genialidade e os fracassos são culpa de terceiros.
Culpar alguém no exterior e ainda mais natural. Na última década, a Argentina teve a política fiscal mais irresponsável da história.
Gastávamos muito mais do que arrecadávamos. No período de Carlos Menem e Domingo Cavallo, com a cultura de gastos livres de cunho populista, armou-se a bomba-relógio dessa divida monumental que agora está explodindo. A Argentina sabia que deveria ter uma política fiscal sadia e preferiu não té-la.
Veja -O descontrole nos gastos públicos argentinos é histórico. Mas os ministros que tentaram conter a gastança caíram por pressão popular. Qual é a soluçáo?
Espert – Dizem que reduzir o gasto público é contrario interesse do povo. Na verdade, é a favor da sociedade, porque elimina a corrupçao. O político vive da gastança pública, da corrupção, da troca de favores. Por ísso ele é contra ajustes f iscais.
Veja -Os bancos argentinos vão quebrar?
Espert -Já estão quebrados. Vários bancos estrangeiros podem deixar o país. O governo federal e as provincias devem 50 bilhões de dólares aos bancos. É de esperar que aqueles que emprestaram ao governo quebrem com o calote.
Veja -E se os depósitos bancarios em dólares forem transformados em pesos?
Espert -Serernos um país inviável se enganarnos os correntistas. Hoje não temos crédito internacional nem investimento direto externo. Se os poupadores forem enganados, algo que quase certamente ocorrerá, os argentinos no futuro tentarão colocar sua poupança no exterior.